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Concubina



Proveniente do grego “adamas”, acredita-se que ele representa coragem, brilho e fascinação. Sua essência imita a dureza, o que o torna inquebrável e, embora seja uma gema transparente, não há quem não o veja. Os antigos chamavam-na “pedra do sol”, a ele eu chamo melhor talhe brilhante de Deus. Pois, ainda que eles digam que sua anatomia não é simétrica, depois de devidamente polido ele joga perfeitamente com a luz.

Ele é uma perfeita chama de amor viva e seu maior sonho é levar ao altar a mesma mulher por duas vezes. Louvado seja esse homem que deseja sua companheira eterna e incansavelmente, louvado seja! Quisera eu poder viver a eternidade desse amor, mas nem tudo é perfeito, pois o peso do nosso querer seria para sempre medido em quilates de paranoias e o valor seria determinado pelo conjunto de dúvidas e compromissos que extravasavam com tudo de bom que poderia acontecer.  Acima de tudo, ele é apaixonado por diamantes vermelhos e eu venero diamantes pretos, procede?

Do seu brilho consigo apenas alguns raios para iluminar a minha vida, foi o caminho que eu escolhi e mesmo que caiam sobre mim toneladas de juízos continuarei a entoar o hino pátrio daquelas que apenas recebem cameleiras… símbolos de sol, amores secretos:

“Não me faltam homens que queiram me dar um anel
Mas a verdade é que com ele eu sinto como se tivesse subido ao altar
Desculpa só, eu sou a outra…”

Não sinto vergonha, importa-me apenas o que nos une, isso porque a única coisa que nos separa é um minuto de distância mais fraco que a sua vontade de dedicar-se a mim. Eu sou amor, sexo e vaidade em sua vitrine e ele é para mim na medida certa, o meu amor ideal. Nosso querer é fogo na alma, é um leve murmúrio de devassidão, uma história escrita em linhas ténues de magia e fascinação, onde nenhum de nós quer colocar um ponto final.

Nosso amor foi plantado em lugar sereno, mas somos duas paixões vivas em corpos tempestuosos e os nossos devaneios são condimento para o nosso desatino. Somos donos de uma felicidade plena no meio de um campo de batalha entre a razão e o prazer. Somos fruto da malevolência da carne fraca...

“Eu sou a outra
Aquela que todos condenam…”


 Escrito por: Sheila Faiane

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