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Amor: O outro lado do Alzheimer



Hoje eu decidi que vou desistir. Não vou desistir de ti e muito menos de nós, mas sim das expectativas que eu criei sobre o nosso futuro. Por cansar de me ver morrer a cada instante, decidi dar um voto de confiança a descrença e viver um dia de cada vez. 

Não vou deixar de te amar, mas quero aprender a reconquistar-te todos os dias e quem sabe assim te amarei todos os dias da minha vida até que a morte nos separe. Não vou deixar de querer, mas quero poder te desejar todos os dias de formas diferentes.. como se fosse sempre a nossa primeira vez.

Hoje decidi que vou recomeçar. Imaginar que existe um botão de reiniciar no meu coração e clicá-lo para que eu possa viver constantemente um amor à primeira vista. Mas para que eu possa apaixonar-me por ti incessantemente, promete que ficarás do meu lado até quando não mais reconheceres o meu toque na manhã seguinte? 

Não quero que procures te lembrar quem sou eu, mas quero que me deixes entrar na tua vida todas as manhãs quando eu for deixar-te o café da manhã a cama. Não quero que lutes com os teus sentimentos ou que tentes amar-me por igual todos os dias, só quero que aceites meu coração partido sempre que estiveres pronta. 

A vida infelizmente não foi o quarto ladrilhado de turmalina rosa que escolhemos, a cor ferrugem dos nossos móveis já não faz sentido se agora nem percebes porque a escolhemos e as memórias que forramos em nossas almofadas apenas deixaram rastos nas videocassetes que te permites ver todas as manhã, depois de ler a nota que escrevi no teto do nosso quarto:

“Eu sou sua hora de tranquilidade. Tome o seu café, ligue a TV.. sua memória está aqui e eu com você!“

E é assim que iremos iniciar os nossos dias. Então meu amor, antes que te esqueças de nós dois novamente, dás-me um beijo?! 


Escrito por: Sheila Faiane

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