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Na sala de espera



São 4 horas e 53 minutos, a minha mente está a fazer pirraça e esqueceu que precisamos imenso de mais uns minutinhos de descanso. Conto uma, duas, três ovelhas e percebo que essa história só funciona em novelas e nos livrinhos infantis, então pego no telemóvel e ponho-me a vaguear pela internet. Quando dou por mim já são 5 horas e 15 minutos, acabaram-se os megabytes e sinto  que o sono me fará passar um pouco de vergonha na sala de espera.
Preciso arrumar-me às pressas para que não fique preso no trânsito e consequentemente perder o meu 15° momento de esperança.. a entrevista de emprego!

Um banho rápido, visto a minha roupa de sorte (que sinceramente não tem ajudado tanto), pego nas chaves, na minha carteira e na minha boa disposição. Vamos a isto, digo para mim mesmo tentando manter o positivismo!

Sou pontual, mas a minha fé deve ter perdido o  caminho... E então começa um jogo de aflição e agonia, simplesmente sinto que a qualquer momento vou entrar em colapso e a minha voz vai morrer. Eu sei que devo me manter calmo e espalhar simpatia tipo a macumba desta cidade, mas meu coração não sossega e faz-me temer o que se aproxima.
Mas então eu penso para mim: "Tu consegues. São seres humanos como tu. O que pode dar errado?". É nesse momento que o meu subconsciente começa a testar o nível da minha negatividade: "Tudo pode dar errado!".
Pronto, nesse momento sinto que provoquei uma grande catástrofe, pois inconscientemente começo a enumerar tudo que há de errado em mim, tudo que eles talvez vão detestar e fico silenciosamente louco. EU ESTOU LOUCO, a sala de espera está um gelo, mas sinto uma gota de suor pingar na minha bunda.

Escrever me acalma, distrai e penso que já consigo controlar as minhas emoções, mas ao mesmo tempo não paro de controlar o telefone da secretária. Será que vão chamar-me agora? Será que a pessoa vai tentar medir minhas capacidades e pregar-me partidas com perguntas complexas? Será que.. será que.. será que.. ah, que se lixe! Será o que Deus quiser e se não for, que se lixe novamente.

Ouço passos e vejo uma mulher apressada, penso que é ela quem fará a entrevista e que isso poderá atrapalhar bastante e talvez até ditar o meu fim, mas para a minha sorte ou azar, ela se vai e  pelo rasto que deixou deve ter tomado um banho de perfume, é gira.. nome dela é Tina e ela é estranhamente interessante, mas agora estou muito nervoso para apreciar seja lá o que for.
A secretária não para de digitar, já começo a ficar irritado e cheio de frio. "Será que eu peço a ela para desligar a porra do ar-condicionado ou fico quieto? Meus dedos estão a congelar e eu preciso escrever! Já estou aqui faz 15minutos, aposto que estão a tomar um café enquanto me penduram, mas tudo bem.. minha única opção é esperar."

8 horas e 33 minutos, os nervos voltam a flor da pele.. vou tentar seguir os conselhos do meu pai e dar tudo de mim nesta entrevista. Fé em Deus que tudo dá certo!
Pronto, fez-me bem desabafar.. "Espero conseguir responder a tudo."

Está a passar muita gente, muitos senhores bem equipados (isto parece um show de moda), lentamente começo uma guerra silenciosa com o meu senso de moda. "Será que vesti bem? Estão quase todos mais engomadinhos. E esse sapato aff.. já não estou confortável. Mas fazer o que né, já vesti!"

Chega! Minha carga está a acabar.. desejem-me BOA SORTE, só saio daqui empregado ou com o número da Tina. Vitória na guerra!

Escrito por: Sheila Faiane

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