Sinto saudades de ficar
apaixonada de verdade e receber de volta. Saudades de olhar no olho e ver algo
verdadeiro, não apenas desejo carnal e muito menos viagens temporárias. Tudo
bem que brincar de casinha as vezes é bom e dizem por aí que nos torna mais
jovens, mas acho que chega uma altura em que a coisa se perde e a brincadeira
farta.
Sabe aquela sensação de estar quase a ter um enfarto e ao mesmo tempo
sentir um alívio por saber que basta um abraço e tudo passa? Quando a ansiedade
é tanta e as horas parecem não passar quando estamos distantes da pessoa? Eu
sinto falta disso, agora não é só por querer ter alguém do meu lado, é um pouco
mais forte do que isso. Também não é desespero, é saber que não é apenas uma
chamada que me separa do meu amor, mas sim a incerteza de que realmente vou encontrar. Entendes o que digo?
Hoje olhei para o espelho e vi
uma mulher pronta, pronta para amar e viver um amor mais maduro e sem reservas.
Mas as coisas não parecem tão fáceis assim, é como se estivesse a aprender a
andar e o medo que carrego quase sufoca. Não quero mais caminhar sozinha, eu já te tinha segredado, mas
também não quero entrar num buraco qualquer. Quero de novo aquele tipo de
amor que nos faz ficar a conversar por horas e horas, que nos faz perder noção
do tempo e nos deixa tolos. Quero sorrisos bobos, quero beijos quentes, quero
abraços inesperados e um sentimento que complemente o que já existe em mim.
As vezes penso que talvez eu deva complicar um pouco menos a minha cabeça e tentar não entender como a vida
funciona, talvez seja só medo de recomeçar, pisar um novo chão e fazer
desse alguém meu novo lar ou talvez esteja a arrastar as minhas inseguranças e a
não permitir que uma nova história seja escrita? Não quero perguntar-te como
devo fazer porque estás tão enrolada quanto eu. Enfim, não sei explicar o que sinto, mas na mesma intensidade que me faz querer chorar, me faz rir porque me sinto patética - uma patética em busca de um "eu te amo" sem saber que direcção tomar, em busca de alguém por que eu possa escolher viver.
De olhos fechados escrevo-te porque assim é mais fácil dizer o que realmente sinto e o medo diminui, é tranquilo. Na tranquilidade ainda me questiono: E se o amor for apenas uma ilusão? E se ele não chegar? E se eu já o tiver deixado partir? E se for apenas o meu reflexo imperfeito?
Escrito por: Sheila Faiane
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