O círculo dourado para sempre será um impedimento, ainda que o deseje ferozmente. Meu coração não tem dono, o dele também não, mas há quem ache que o tem e parte de mim quer respeitar isso, mas a outra está indiferente. Quero sentir pena, quero sentir a consciência pesada, mas tudo que consigo é sentir saudades do que não vivemos e uma vontade incontrolável de ter mais alguns minutos a sós em algum elevador dessa vida.
Faz uma semana que não o vejo, quero ligar e dizer que o quero sem reservas, quero tanto que a pulsação do meu membro vulcânico me faz um ser irracional - quero agarrá-lo com força, enfiar a minha mão naquele emaranhado de cachos negros, puxá-lo para perto de mim e permitir que me beije novamente sem pudor; por outro lado, quero que este sentimento desapareça e vire indiferença, mas e se o segredo daquelas quatro paredes for intenso, um autêntico caminho sem volta, o que faria eu com esta inocência já desflorada?
Enfim, desejos vem, desejos vão, mas casos mal parados criam raízes em nossos pensamentos e ainda que tente ignorar, sinto que perco o meu tempo. Por isso, hoje despi a minha vergonha e na minha estranha nudez, deixei uma mensagem no seu celular:
"Roberto, eu quero-te, mas sei que não preciso de ti. Quero-te porque desconheço-te e me atrai a ideia de explorar-te profundamente. Quero a tua audácia fazendo falsas promessas no meu ouvido, enquanto as tuas mãos descarregam a saudade que sentes. Quero-te, quero-te no elevador quebrado e com esperanças de que pare de funcionar por infinitas horas, até que eu encontre motivos para não te desejar mais."
Enquanto isso, vou gerindo essa ansiedade que virou necessidade. Era só para ser um beijo roubado, era só para ser um momento, era só isso, mas o erro já foi cometido e a curiosidade despertada. Então eu vou esperar por ti, na certeza de que o acaso te trará de volta ou de que o tempo me fará te esquecer - pessoas chegam, outras partem, perco noção do tempo e mesmo que seja uma perda de tempo, permanecerei aqui... junto a porta do elevador quebrado.
Escrito por: Sheila Faiane
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