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Cais 27

Sobre a vida… o que há para dizer? As vezes pode parecer um mar de ilusões, onde só enxergamos o que nos convém e entre um e outro aeroporto, muitos vem, poucos voltam e quase ninguém permanece. Mas por outro lado, pode ser um espetáculo alegórico, repleto de momentos de fantasia que nos dão a sensação de felicidade plena, onde nos sentimos super-heróis, donos do mundo. Mas, aprendi que é curta, há coisas que vão e não voltam; aprendi sobre a importância dessas coisas e que de nada vale esperar pelo fim para poder dar o devido valor. A vida não complementa o tempo, o tempo não espera e segunda chance é uma mentira – são laços rompidos, que quando remendados, não tem a mesma beleza.

Sobre família… o que há para dizer? Não se escolhe, não é como nas novelas, não é romântico, mas é tudo que precisamos na vida. Não são mil, não são todos eles, são aqueles que realmente cuidam, são aqueles que não nos esquecem, são aqueles que morreriam por nós... literalmente. São parte de nós, nossos pilares degradados, mas sempre firmes e prontos para proteger. Parecem estar revestidos de indiferença, mas é com eles que poderás sempre contar.

Sobre amizade… o que há para dizer? Escolhemos, temos esse poder, mas estamos mais susceptíveis de correr riscos gigantescos. “Amigos” as vezes vem em caixas de presentes magnificas, parecem de verdade, parecem eternos, mas só depois do tombo percebemos que algumas caixas chegam em nossas vidas vazias, nós simplesmente escolhemos ser cegos para isso.
Ao longo do percurso na N26, finalmente entendi que não importa a quantidade, é a qualidade que conta… números, são só números, lealdade é raridade. Por isso amo a quantidade certa que o destino reservou para mim.

Sobre o amor… o que há para dizer? Nesta jornada aprendi que ele pode vir dos lugares mais inusitados e pode ir embora do mesmo jeito. Magoa e faz bem, é um misto de incerteza e esperança. Há momentos em que esperamos que ele atraque nos nossos corações, nos leve ao infinito e nos faça acreditar em possibilidades. Enfim, ele ensinou-me que não existe perfeição, ensinou a sonhar sem medo de acordar para uma realidade totalmente diferente da fantasia que nos faz viver. Acima de tudo, ensinou que é bom enquanto dura e só vale a pena quando realmente existe entrega.
Sobre o tempo… o que há para dizer? Dizem que ele é quem nos guia, é ele quem nos traz paz, é ele quem nos torna sábios. Ao tempo, eu quero apenas agradecer: por me ter ensinado sobre a paciência, sobre o saber ser, estar e existir sem que o mundo aprove. Ao tempo, quero igualmente agradecer por me ensinar que os meus erros, não foram os meus piores momentos, mas sim as melhores lições de vida que poderia receber.

Sobre mim, apenas sei que ainda há muito por descobrir. Sou um poço de surpresas, boas e más, depende de quem e o que procura. “Cada um tem de mim o que merece” – geralmente é amor, é sentimento puro. Sou de artes: arte amar, viver, sentir e retribuir.

Só não sei para onde os ventos da vida me levam e se chegarei lá sã, se não me faltará uma luz no fundo do túnel para que não me desapareça a esperança. Enfim, não sei como se descreve a minha essência… mas eu sou a Sheila – forma irlandesa que de Cecília, que vem do latim e significa cega, sábia, dos céus (Deus omitiu a nitidez dos meus olhos, mas em contra partida, me deu o dom de saber ouvir e transmitir, afinal nem tudo é perfeito, não é?) –, sou a Sheila Faiane – a cega sábia dos céus.

Hoje é meu aniversário e tudo que vem aqui escrito, é um resumo da minha caminhada até ao cais 27!

Escrito por: Sheila Faiane

Fotógrafo: Celso Zaqueu
MUA: Mandisa Paka
DA: Jessica Manhiça

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