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Um dia teríamos tido o hoje



Ontem vi as fotos do teu casamento, por alguns minutos pensei que estivesse em um universo paralelo e que tudo não passava de um sonho: trajavas o fato que tínhamos escolhido, sequer te maçaste em escolher outra cor, até a lapela… tinhas mesmo de escolher flores do campo? Não pensei que depois de tanto tempo estas coisas ainda me fossem afectar, mas pelos vistos tu és e sempre serás o meu ponto fraco, o único e verdadeiro amor da minha vida ou será apenas loucura deste meu coração teimoso que não te quer deixar partir?

Estavas tão bonito, tão elegante, tão feliz (para ela), fizeste-me lembrar de todos os planos que tínhamos feito, pena que escolheste concretizá-los com outro alguém. Engraçado como ela se parece comigo, pode ser paranoia, mas o vestido dela me parece familiar. Quero acreditar que é mera coincidência, que estas coisas acontecem e que não fizeste dela uma versão melhorada de mim porque nunca quiseste me perder.

Várias vezes lutei com o meu coração e com o desejo de acreditar no tempo, nos planos que ele tinha para mim e em tudo que ele traria para a minha vida. Mas agora que me encontro aqui com os olhos cravados na tela do meu celular, enquanto vejo essas fotos maravilhosas, a imaginar que podíamos ser nós, não sei se consigo ter mais fé nele e nas suas manhas, não sei que destino é esse que pode me fazer acreditar que encontrei o homem da minha vida e depois tirar de mim do jeito mais doloroso.

Confesso que até hoje penso no que poderia ter feito para que ainda estivéssemos juntos, confesso que podia ter aceite o teu perdão, mas o meu orgulho é barulhento e parte de mim ainda sente remorsos. E se fosse apenas mais um perdão? Se não fosse verdadeiro como os outros? São e foram tantos “e se’s”, tantos “porquês” a atormentar-me e isto simplesmente continua a não fazer sentido. Enfim, só sei que um dia nós teríamos tido o hoje, mas na dúvida eu disse não ao nosso futuro e hoje quem fez a festa com o meu vestido de noiva foi outra mulher, hoje quem tem o teu sorriso, o teu abraço, o teu carinho, é ela!

Quero tanto de coração desejar-te felicidades, mas não consigo, não me permito. Quero tanto que esta nova jornada te marque tanto quanto a nossa te marcou, mas não consigo, não me permito. Não me permito porque eu ainda te amo e tu não me permites, tu foste embora e então não sei mais se te vejo por aí, se calhar numa próxima vida quando não mais me lembrar que um dia a mim pertenceste. E se no desconhecido nos reencontrarmos, será que haveria mais uma chance para nós?

Escrito por: Sheila Faiane

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