Quando o nosso aniversário se aproxima, é natural que se aconchegue no
coração um turbilhão de sentimentos. Voamos do hoje para o ontem em uma fração
de segundos que pode parecer uma eternidade. Nestes dias, paramos para pensar
no que já vivemos, em tudo que pretendemos viver e nas coisas que tanto
planeamos e sabemos que provavelmente não vamos cumprir.
Geralmente é um período de desespero, queremos tudo ao mesmo tempo e
acabamos com nada, até choramos por coisas que precisamos, mas não queremos.
Neste período o tempo muitas vezes parece estar contra nós e até percebermos o
quão errados estamos, já passamos por vários ataques de pânico. Mas, o mais
precioso desses momentos de reflexão, é o facto de podermos lembrar de um pouco
de tudo e com um pouco de sorte, não ter um pingo de arrependimento porque
afinal de contas a vida é um pouco do que fomos, somos e seremos.
Um quarto de século já passou e enquanto rumo ao meio, vou deambulando
pelos cantos da minha memória. Penso nesta última viagem de 365 dias onde ri,
chorei, amei, perdoei, ganhei, perdi muitos amigos e por último e não menos
importante, passei a dar o devido valor às coisas mais simples da vida. Descobri
a verdadeira diferença entre amigo e “amigo”, e aprendi também que crescer não
é fácil, mas é um mal necessário, com dor ou sem dor.
Embora tenha me deixado levar por alguns baixos, houve quem olhasse e orasse
por mim, e a essas pessoas eu agradeço bastante, pois inúmeras vezes permiti
que as minhas fraquezas tomassem conta de mim e nem por isso elas se
distanciaram. Houve momentos que desejei nunca ter nascido, mas hoje entendo
que há lições que não devem ser contadas, mas sim vividas. Vi-me em situações
em que parte de mim jurava que o tempo tinha parado e que nada estava acontecer
na minha vida, senti inveja dos que já construíram seus impérios, perguntei a
Deus se eu estava a fazer tudo errado e no seu silêncio mais uma vez ele me
respondeu: “Tudo no seu tempo menina, tudo no seu tempo”.
Na mesma proporção, dia após dia, vi uma nova mulher nascer em mim. Estive
diante de desafios que nunca pensei que fosse ser capaz arrostar, descobri em
mim novos talentos, vivi cada um desses momentos intensamente ainda que tivesse
medo dos seus resultados. Entendi que o trabalho de um garimpeiro não é fácil,
por isso faço vénia para todos que me ensinaram um pouco de tudo que eu sei
hoje e sem rodeios admito que sou um ser bastante tinhoso.
Enfim, não sei o que esta nova jornada me reserva, mas quero muito eu acreditar
que levo bagagem suficiente para aguentar-me nos primeiros dias. Nela carrego lições
aprendidas, mais erros por cometer, gratidão, esperança, fé, paciência, força
para poder superar todos os obstáculos que irei encontrar e muita determinação
para que possa alcançar todos os meus objetivos. Sei que não será fácil,
provavelmente este será mais um nível de Candy
Crush que me vai me enlouquecer por um mês, ou daqueles que já olhamos e
nos sentimentos vencedores. Independentemente do que seja, essa batalha já foi
vencida.
Que este dia venha acompanhado de bênçãos e todo amor do mundo, que não me
falte paz e alegria no coração, que os anjos cantem e celebrem comigo o início
dessa nova viagem.
Para sempre 20 e outros anos!
Escrito por: Sheila Faiane
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