Enquanto caminhava em busca de um amor desconhecido, atraquei em vários portos e todos eles me pareceram seguros, mas depois percebi que navegava sempre em mares violentos: laços eram bruscamente quebrados, sentimentos eram perdidos em alto mar e eu me via obrigada a voltar para a minha solidão.
Foi assim até eu te encontrar, tal como eu, perdido entre as ondas da incerteza do amanhã e com sede de sentir o balanço de uma nova louca paixão. Largamos nosso conceito de felicidade plena e criamos um novo, juntos navegamos rumo ao prometido felizes para sempre, cada vez mais envolvidos pela ansiedade de encontrar um lugar sossegado e esquecer que um dia ao mar pertencemos.
Foram as melhores luas da minha vida, esquecendo todos os encalhentos enquanto buscavamos o melhor aconchego. Mas dizem por ai que tudo que é bom dura pouco e ate nisso escolhemos não acreditar. Nosso "felizes para sempre" foi bom até onde durou, até ao descontentamento, até aos questionamentos sobre o que realmente eu preciso, quem realmente sou, sobre o que significa o amor para mim, como se fosse eu a insensibilidade do nosso "eu":
- Que tipo de amor queres? É minguado o que te chega ao coração? - Pergunta ele todas as noites com sua expressão serena, escondendo um coração em apuros e seu orgulho um pouco ferido.
Respostas vazias vagueam pelos corredores do meu pensamento, tento gritar meus desejos, mas apenas deixo escapar suspiros frustrados. Quero que ele saiba, mas não sei se tentará entender, por isso mais uma noite durmo de costas viradas para uma possibilidade e me deixo morrer com cada palavra que não sai da minha boca:
"Não sei o que o amor realmente significa. Muitos definem como sendo algo mágico, para outros, simplesmente amargo e trágico e eu.. Bem, eu não sei, apenas vivo. Não sei se o quero como na vida real, como nas novelas ou como nos filmes, mas quero muito que vá além das minhas expectativas e me mostre que pode ser simples e fenomenalmente descomplicado.
Eu não entendo muito sobre sentimentos, não entendo sua essência, mas tenho o sonho de poder vivê-los tal como fazem os bons amantes: tão comprometidos, mas sem um compromisso que os comprometa e completamente desligados das paranóias desse mundo que se julga tão certo.
Eu realmente não sei o que o amor significa, sequer sei o que devo aprender sobre ele quando as melhores histórias contadas são fruto da imaginação alheia - ficção, vontades que ficaram na vontade. Não sei se o amor certo é o teu, mas se for para viver errado que seja do teu lado, no nosso barco de papel."
Escrito por: Sheila Faiane
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