“Esse corpo é da cidade, não há
quem não entrou, não digo isso por maldade...”
- Alo Maria, não desligues. Eu sei
que já muito disse sobre ti e que não tens nenhum motivo para me dar ouvidos.
Na verdade, até pensei que já tivesses bloqueado o meu número e esquecido
totalmente do som da minha voz. Bem, não quero roubar muito do teu tempo,
gostava imenso que escutasses o que tenho a dizer...
Não,
eu não quero ouvir. Houve tempos em que eu daria o mundo para receber uma
chamada tua e realmente saber que o quão arrependido estás pelas coisas que
disseste. Hoje eu sinto pena, pena de ti por teres dado ouvido as pessoas que
quiseram dar o ombro amigo quando me disseste adeus. As mesmas pessoas que
tentaram substituir-te quando por trás te diziam que eu era mentirosa e cínica.
E
justamente hoje, quando tudo dentro de mim já morreu, decides dizer que ainda
me amas? Pensei que todas nós fossemos Marias. Honestamente, pensei que estivesses muito feliz com as pessoas que
fizeram a tua cabeça. Principalmente com as que cantaram no teu ouvido que o
meu corpo é da cidade e que não há quem não tenha tocado.
Incrível
como o tempo nos ensina tanta coisa, acima de tudo a ter paciência, pois as
máscaras sempre caem. Prova disso, és tu aqui, o mesmo que jurou de pés juntos
que jamais voltaria a bater na minha porta e que eu não seria feliz de novo,
não longe ti. Devias saber que essas palavras são duras demais para se dizer a
alguém.
Carreguei
parte de ti no meu ventre, mas de certeza que se eu tivesse contado, terias
dito que a ti não pertencia. A frustração foi tão grande que a vida a levou.
Quase aprendi sobre o amor incondicional, mas depois percebi que ainda não era
o momento certo e que talvez tenha sido melhor assim. No princípio eram
lágrimas, hoje eu digo Graças a Deus, não era azar.
Portanto,
pega no teu suposto amor e reparte entre as pessoas que tanto desejavam a nossa
felicidade que preferiram nos separar. Sai dessa ilusão de me querer tomar
novamente como tua mulher e segue em frente, faz o que eu fiz. E mais, já dizem
os grandes sábios que: “Se conselho fosse bom não se dava, se vendia”, de certeza
que os teus estimados conselheiros estariam pobres.
Felizmente
o destino encarregou-se de mostrar-me que o amor vem dos lugares mais incomuns.
Mostrou ainda que as vezes não é castigo, é bênção, ainda que venha carregada
de dor. Sobre o que vivo hoje, não há nada que se compare, os bons viventes
chamam felicidade plena, mas para mim é amor próprio.
Escrito
por: Sheila Faiane
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